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Você assistiu A Comilança ?
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Aparentemente , "A comilança" é apenas um filme bizarro. Porém, com olhos mais atentos, podemos perceber uma contundente e visceral crítica à sociedade de consumo , com seus excessos , desperdícios e enfado. Podemos reconhecer nos personagens protagonistas importantes arquétipos da nossa sociedade , incluindo a doce Andrea , a professora primária que acompanha e orienta os amigos na literal missão suicida. As relações de todos são peradas por uma ironia tão ácida quanto o suco gástrico e revestidas por uma profunda melancolia , digna de um grande pensador. Praticamente tudo em "A comilança " é alegórico, ando pelas profissões dos personagens , o excesso de comidas , o local escolhido para o encontro, o espanto e o nojo das prostitutas em relação ao quadro dionisíaco. Uma bela reflexão sobre o poder e como quem o impõe e o dissemina , também se submete a ele. Onírico, perturbador , lúcido , fascinante! Um convite aos amantes do cinema poesia. Uma obra essencial à raça humana.
O filme expõe um contraponto a uma afirmativa de Mikhail Bakhtin de que o homem, no ato de comer, devora o mundo sem ser por ele devorado. "A Comilança" mostra um grupo de homens que, ao deixar-se levar pelas sevícias do ato de comer, deleitam-se em um prazer mortal. Devoram, sim, mas também são devorados pelo próprio ato de devorar. Mais ou menos como nas drogas.
O elenco me chamou a atenção e resolvi ver esse filme. Na época 1979, achei no mínimo estranho e até nojento, mas com a maturidade me caiu a ficha e hoje ao interpreta-lo, o considero um dos melhores filme que já assisti e reiterando os comentários aqui postados a respeito da deterioração do ser humano, eu o considero uma critica ferrenha à fome no mundo. Uma incrível e inteligente critica às avessas. E critica tbem a enorme capacidade do ser humano ao descontentamento, mesmo tendo todos os recursos para ser contente. Fabuloso, deveria ser reprisado nos cinemas....
Comer, fazer sexo e defecar se confundem com a consciência de não encontrarem na vida explicações sobre a existência, então que seja o prazer! Prostitutas querem viver, mas um piloto, um Grã Chefe, um Juiz, um Diretor de televisão não. Será que a proximidade da morte traz o desespero de encontrar motivos para viver? Ou, até mesmo, para morrer?
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