Estreou na última sexta-feira (21) o filme Robocop, remake dirigido pelo brasileiro José Padilha (Tropa de Elite 1 e 2). É um filme que divide a opinião do público e da crítica – seja isso bom ou ruim. Confira nossa resenha abaixo.
José Padilha é um diretor que sempre teve muita liberdade de criação na execução de seus projetos cinematográficos, com seu nome em destaque pelo sucesso de Tropa de Elite 1 e 2, foi convidado pelos executivos da MGM para dirigir o novo Robocop. Uma tarefa nada fácil, tendo em vista que a franquia Robocop já é tida como um clássico da cultura pop, e que comparações com o primeiro filme seriam inevitáveis, até porque se trata de um remake da franquia. Outro problema é a falta de liberdade criativa que as produtoras impõem aos diretores de hoje, o filme precisa dar um retorno financeiro ao investimento que foi feito, então nem todas as idéias do diretor serão bem aproveitadas. A classificação etária do filme (PG-13) também limita o tipo de material que pode ser apresentado Então não vá ao cinema esperando ver um filme transbordando de violência gratuita e sem culpa.
Parte homem, parte maquina, Robocop surge a partir da necessidade da Omnicorp (O) de comercializar seus robôs em território norte americano, o que já acontece em outras partes do mundo, principalmente nos países “pacificados” pelos Estados Unidos. A lei Dreyfuss impede que drones puxem o gatilho em solo norte americano. Apoiada pela opinião pública, não permite que a O coloque seus drones para patrulhar as ruas e levanta uma questão interessante: o que sente um robô quando puxa o gatilho? “Nada” é a resposta de Raymond Sellars (Michael Keaton), presidente da Omnicorp quando questionado por Hubert Dreyfuss (Zach Grenier), senador conservador que deu nome e força a essa lei.
Procurando um meio de burlar a lei Dreyfuss, Raymond Sellars se questiona: “e se colocássemos um homem em uma máquina?” Apoiado pela mídia pouco conservadora que defende que os Estados Unidos são “robofóbicos”, surge então Robocop, desenvolvido pelo Dr. Dennett Norton (Gary Oldman). Robocop funciona como um rosto, o fator humano na máquina. Uma forma de mudar a opinião pública a respeito do uso de drones em solo norte americano. Alex Murphy (Joel Kinnaman) é um policial da cidade de Detroit no ano de 2028, equilibrado emocionalmente, tem amigos e família. Após um atentado contra sua vida – o que o deixa em uma situação crítica – torna-se o candidato perfeito para vestir o suit de Robocop.
José Padilha aborda alguns conflitos éticos e sociais em seu remake, desde a exploração do setor terciário, produção em massa na china – provavelmente explorando a mão de obra barata – até a inclusão do homem robô no meio social, por exemplo – a esposa de Alex Murphy questiona que tipo de vida ele terá, ressaltando a possibilidade de segregação e preconceito. É algo a se pensar: como algo, parte máquina, parte robô, irá socializar no ambiente familiar? Existe também a manipulação da opinião pública através da mídia sensacionalista que defende o uso de drones em solo norte-americano. E também a maneira como o Robocop se torna rapidamente obsoleto e descartável depois que a lei Dreyfuss é derrubada.
Contudo, Robocop é um bom programa para o fim de semana. Não espere uma releitura fiel do clássico de Paul Verhoeven, tampouco um Tropa de Elite 3. Algumas referências do filme de 1987 foram mantidas, entretanto, o que temos disponível hoje é uma releitura da obra, uma nova visão com pontos de vista diferentes.