Fico imaginando como foi a reunião onde o diretor e roteirista Tom Six convenceu o estúdio e a distribuidora a comprarem sua ideia (se é que houve está reunião): “imaginem um cirurgião aposentado (Laser) que, do nada, tem a ideia de unir três pessoas em uma operação – a primeira (Akihiro Kitamura) com seu ânus ligado até a boca da segunda (Ashley C. Williams), e está, com seu ânus ligado até a boca da terceira (Ashlynn Yennie), formando a centopéia do titulo!” – “Mas e o resto da história?”, diz um dos executivos do estúdio. Six responde: “ah... uns vão morrer, vai ter umas nojeiras... com uma maquiagem boa... mas sem nada por “trás”... só isso mesmo... nojeira... e saber quem morre ou não... contratamos umas atrizes que não entendem nada e cobram barato... pegamos um ator bem excêntrico e com jeito para interpretar um psicopata e tá tudo no jeito!” – e os executivos dizem: “fechado”.
E disso surgiu A Centopéia Humana. Uma terrível desculpa para tentar mostrar cenas nojentas – leia “nojento” como defecar na boca de outro, bocas sangrando e soltando pus – aliás, a única coisa realmente boa é a maquiagem nesse filme – e eu poderia destacar um pouquinho a atuação do alemão Dieter Laser como o médico maluco – o ator realmente entende que não deve se levar a sério em um papel tão ridículo – o que contribui para que o filme divirta um pouco, porque, de resto, sobram atuações amadoras das duas “atrizes” principais, que mal sabem recitar um texto, uma tentativa de inserir algum tipo de critica contra o preconceito por turistas (talvez), visto no papel irritante do “líder” da centopeia humana, o chinês vivido por Akihiro Kitamura – que, sabe-se lá o motivo, não tem legendas sobre suas falas em chinês (exceto no final), algo que irrita ainda mais. Enfim, o que diabos significa essa “Centopéia Humana”? Significa algo? Olha... acredito que só o diretor saiba.
O filme não chega a ser tão gráfico em sua violência – basta ver longas como Holocausto Canibal, Canibal Ferox, O Albergue ou A Serbian Movie para notarmos exemplos bem mais fortes – e, se tinha alguma chance de se tornar um tipo de filme trash cult, aniquila suas possibilidades ao tentar ser levado a sério pelo diretor e roteirista, que não tem a mínima noção de tentar criar uma atmosfera de suspense e terror, além de todos os integrantes do elenco achando que estão em algum filme do Lars Von Tryer – com exceção de Laser – mas, na verdade, estão sendo dirigidos por Tom Six – que teve a “capacidade” de fazer duas continuações desse filme indigesto – mas não de escatologia – de ruindade mesmo.