Ararat: Críticas 1c1a30

O filme q mais me fez chorar na vida, belíssimo. O grande diretor Atom Egoyan cria uma história de vários protagonistas com uma sutil conexão, em torno do genocídio do povo armênio pelos turcos (fato ignorado por muitos livros de História). A delicadeza do âmago da emoção de cada personagem é transmitida de forma extremamente impactante. Um dos temas centrais do filme é a "condição de possibilidade" (Kant) da ar

Com certeza este é um dos filmes mais compactos que já assisti. É realmente impressionante a quantidade de histórias e informações adas por Atom Egoyan em pouco menos de 2 horas de projeção. O filme mescla diversas histórias ao mesmo tempo, explicando ao público como ocorreu o massacre armênio pelos turcos e também apresentando diversas situações dentro da história do filme, como a realização de um filme sobre o próprio massacre; a resistência de um pai em aceitar o filho homossexual; um jovem dividido entre sua mãe e namorada, que vivem brigando; e os reflexos do massacre em descendentes armênios e turcos na atualidade. Um grande filme, que impressiona pela competência com a qual apresenta todos estes temas, praticamente ao mesmo tempo.

O diretor presta conta aos seus antecessores familiares ao mostrar o genocídio de aproximadamente 1 milhão de armênios imposto pelos turcos em 1915. Os pais de Egoyam fugiram da Armênia para o Egito, onde ele nasceu. Mais tarde ele emigrou para o Canadá, tornou-se um cineasta e decidiu trazer à baila um episódio vergonhoso da história do século XX. A narrativa não é tão simples, pois Egoyam nos coloca num autêntico mosaico de personagens. Ani (Arsine Khanjian) é uma professora universitária canadense especialista na vida e nas obras do pintor armênio Arshile Gorky, cujo principal quadro - na verdade um auto-retrato dele com a própria mãe - levou 10 anos para ser concluído. Gorky capturou a tristeza dos armênios vítimas do genocídio no seu quadro. Em seguida, suicidou-se. O genocídio e a vida de Gorky são retratados num filme dentro do filme. Os personagens conteporâneos são Ani e seu filhos Raffi (David Alpay), do segundo casamento e Celia (Marie-Josée Croze), do primeiro casamento. O relacionamento de Celia com a mãe é conflituoso, sendo que ela culpa a mãe pela morte do pai. Boa parte da narrativa é da perspectiva de Raffi, que viajou para a terra natal dos seus avós para fazer gravações extras que seriam utilizadas no filme sobre o genocídio. A parte mais intensa do filme é quando Raffi é interrogado no aeroporto por um fiscal (Christopher Plummer, em atuação brilhante) quando regressava ao seu país natal, o Canadá. O fiscal alfandegário, em seu último dia de trabalho, sente que Raffi acredita piamente que não carrega heroína dentro de sua bagagem. Um guarda turco fez um acordo com Raffi que deixaria que este gravasse as cenas no monte Ararat se ele levasse uma encomenda dentro das caixas de filme. O canadense negou-se a acreditar que poderia estar servindo o tráfico de drogas. Existem muitos personagens no filme, vários colocados de agem, alguns mais interessantes e bem explorados, outros, muito pelo contrário. O cantor-ator Charles Aznavour (Edward Saroyan), aquele que fez sucesso com a música "The old-fashioned way", faixa 1 do lado A do LP "Sua paz mundial, volume IV", interpreta o diretor do filme dentro do filme. Apesar do roteiro ser excessivamente ambicioso, o resultado é digno de ser apreciado.

O FILME TEM VALOR HISTÓRICO, POR FALAR DO MASSACRE DOS ARMÊNIOS PELOS TURCOS. ESSA PARTE DO FILME É BEM DESENVOLVIDA, MAS COMO LIGÁ-LA COM OS PERSONAGENS DO FILME POR VEZES EMPACA A HISTOIRA. FICA UM DESNÍVEL."