"Adeus, Lênin!" é um filme extremamente humano, daqueles que poucas vezes por ano temos a oportunidade de assistir. O filme tem alguma semelhança com "A Vida é Bela" no sentido de que há uma pessoa querendo ocultar a verdade para outra de forma a protegê-la, mas aqui o assunto é tratado com uma leveza bem maior, sem falar que o próprio desenrolar da história é muito mais verossímil do que a saga de Roberto Benigni e seu filho em um campo de concentração nazista. O filme consegue mesclar informação histórica sobre a Alemanha Oriental e sua trama de forma que informa e ao mesmo tempo encanta a quem assiste. Logo de início temos uma visão de como era a vida na Alemanha Oriental, com o processo de reunificação também sendo detalhado já em sua primeira meia hora. Inclusive este processo de mudanças extremas no país impressiona pela rapidez com que tudo ocorre, o que é evidenciado pela quantidade de informações que é ada ao público para, apenas depois, ser revelado que tudo aquilo aconteceu em apenas 8 meses. Tempo demais para qualquer pessoa, como Christine, permanecer em coma, mas também um período muito curto para que tantas mudanças ocorressem em uma sociedade. Com o despertar do coma de Christine o filme se dedica à busca incessante de Alexander, seu filho, em evitar que a mãe saiba das mudanças ocorridas na Alemanha Oriental. O motivo é simples: Christine é uma socialista convicta e acabou de sofrer um infarto. Para evitar um 2º infarto, que seria fatal, deve levar uma vida sem que tenha choques ou emoções muito fortes. Como as mudanças foram muito gritantes, e extremamente conflitantes com a ideologia a qual a mãe defende, Alex decide por poupar a mãe e criar em torno dela uma outra realidade, onde nada aconteceu e a Alemanha Oriental continua a mesma de antes de seu infarto. Para obter sucesso Alex não mede esforços: busca potes de antigos produtos que não estão mais à venda, redecora sua casa para que nenhuma novidade pós-reunificação fique explícita, convence amigos a ajudarem na recriação do antigo país, produz vídeos com notícias falsas, que sua mãe possa ver na TV... Este último, por sinal, produz algumas das melhores cenas do filme, já que sempre que algo foge ao seu controle Alex busca explicar à mãe, através de notícias de um telejornal falso, uma justificativa para que tal situação tenha ocorrido. E assim segue o filme, com a busca incessante de Alex em manter as aparências de forma a que sua mãe não sofra um novo infarto. Este trabalho provoca cenas divertidíssimas, onde o inusitado sempre cria mais problemas para Alex, e ao mesmo tempo tocantes, pela própria dedicação do filho em fazer com que tudo dê certo. Tudo isso, mais o próprio desenrolar histórico da nova Alemanha, produz um filme que informa e emociona na medida certa. Muito bom filme, torço que ele esteja ao menos na relação de indicados do próximo Oscar de melhor filme estrangeiro.