Impossível contar a história do cinema americano sem mencionar John Wayne. Parte de um grande e relevante capítulo na construção de uma das maiores indústrias cinematográficas do mundo, Wayne foi ator do gênero fundador dessa máquina criativa, acumulando mais de 80 papéis em faroestes dos mais clássicos aos esquecidos.
Conhecido claramente por sua carreira como ator, em meados da década de 60, Wayne resolveu trocar de posição e ocupar as cadeiras atrás das câmeras. É dessa empreitada que nasce uma de suas produções mais polêmicas e reprovadas pelos críticos: Os Boinas Verdes, um filme sobre a Guerra do Vietnã lançado durante o ápice do conflito.
Filme dirigido por John Wayne não agradou críticos e enaltece discurso polêmico 2s1b4u

Dirigido por Wayne e Ray Kellogg – um até então conhecido artista de efeitos visuais de Hollywood, em Os Boinas Verdes, uma tropa das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos (conhecidas como Boinas Verdes) é comandada pelo Coronel Mike Kirby (John Wayne), o clássico soldado durão e glorioso de sua patente.
Kirby e sua equipe enfrentam as atrocidades da guerra e as altas e úmidas temperaturas do país asiático em duas missões pelo território: fortalecer um acampamento continuamente atacado pelas forças adversárias e capturar um oficial de alto escalão vietcongue numa operação especial.
Num claro jogo entre heróis e vilões, Os Boinas Verdes se satisfaz em apresentar os detalhes violentos e a suposta glória intrínseca a um campo de batalha armado. A trama se concentra nas ações e viagens realizadas por esse grupo de soldados americanos, empenhados em contribuir para a "prosperidade" e a "liberdade" do Vietnã.
Não à toa, o longa de Wayne não só revela uma mensagem altamente patriotista e romântica, alinhada com a agenda política de seu diretor, mas foi aprovado e apoiado pelas forças militares do governo estadunidense, que emprestou equipamentos, pessoal e espaço para as gravações. O roteiro final da obra foi até mesmo lido e autorizado pelas autoridades institucionais.

Mesmo diante de um elogio controverso ao sacrifício e bravura da guerra, e sua representação unilateral e estereotipada dos dois lados em disputa, Os Boinas Verdes foi um sucesso de público, dando lucros ao estúdio. Sua reputação, porém, não foi nem um pouco favorável na crítica especializada, que o condenou veemente e o julgou simplista, chato e sem graça – o renomado crítico Roger Ebert, inclusive, deu zero estrelas para o longa e o colocou em sua lista de mais odiados.