Diante de filmes com grandes orçamentos que apostam o máximo possível no caminho mais seguro, tentando reduzir surpresas ao máximo ou fazendo com que muitas delas sejam apenas referências cúmplices para fãs, é refrescante que existam filmes menores querendo dar uma resposta. Mais modestos, mas mais capazes de usar a engenhosidade para oferecer coisas estimulantes ao espectador.
É o que aspira um filme como Herege, uma das primeiras surpresas que nos trouxe o ano no quesito cinema de terror. A emergente Sophie Thatcher e o consagrado Hugh Grant são os protagonistas nesta intricada narrativa dos diretores Scott Beck e Bryan Woods que já pode ser vista no conforto do lar através do aluguel nos serviços Claro video, Apple TV e Amazon Prime Video.
Depois de esforços infrutíferos para acumular conversões para a Igreja Mórmon, as zelosas missionárias Irmã Barnes e Irmã Paxton estão prestes a encerrar sua jornada. Mas uma furiosa tempestade se aproxima rapidamente; as jovens evangelistas devem fazer uma última parada na casa do Sr. Reed, a última pessoa de sua lista, antes de terminar suas rondas diárias.
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No entanto, enquanto a cortês fachada do anfitrião recluso atrai as desprevenidas mulheres para uma blasfema prova de fé, as duas pregadoras devem primeiro questionar tudo em que acreditam para sair com vida. Afinal, as doces mentiras com aroma de mirtilo do estranho eremita só podem levar à perdição.
A dupla criativa de Beck e Woods, que primeiro se destacou como roteiristas de Um Lugar Silencioso e desde então iniciou um ambicioso caminho como diretores, queria explorar pelos cantos do horror os aspectos mais espinhosos da religião. Achavam atraente como vários filmes comerciais abordavam o espiritual, e queriam dar uma volta especial a partir de sua escala mais modesta.
Herege: carisma sombrio 175q4l
É por isso que boa parte de Herege gira em torno de várias trocas dialéticas, especialmente através de um Hugh Grant que pega aquele carisma especial que o tornou estrela de cinema e o leva a um terreno sombrio. Sua maneira elétrica de refletir em voz alta, que o tornou um grande interesse romântico, torna-se aqui uma ameaça às vezes invisível a olho nu para as protagonistas.
O mais potente do filme vem precisamente de como Grant encurrala com palavras suas companheiras de cena, começando a se tornar um pouco mais complicado quando quer realmente aprisioná-las. Ainda assim, a originalidade do filme é suficiente para torná-lo uma proposta sugestiva e resgatável.
*Conteúdo Global do AdoroCinema