Não foi um grande sucesso na época, mas isso não impediu que Um Sonho de Liberdade se tornasse o favorito entre muitos amantes do cinema, a ponto de ter sido o filme mais bem avaliado pelos usuários do IMDb por anos.
Você provavelmente se lembra de uma cena de Um Sonho de Liberdade em que Brooks (James Whitmore), o velho que ou várias décadas na prisão e istrava a biblioteca, alimenta um filhote de corvo com uma minhoca.

Frank Darabont, diretor do filme, contou com bom humor no comentário em áudio da ediçaõ especial do longa que achava que a representante da Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (ASPCA) estava ali para proteger o corvo. Mas não. O foco dela era garantir os "direitos" da larva de cera que seria usada na cena. Isso mesmo: a minhoca tinha que estar morta e, segundo ela, ter morrido de causas naturais.
"Era uma larva de cera que meus adereços compraram em uma loja de iscas local. Chamamos a moça da ASPCA naquele dia porque tínhamos aquele filhote de corvo no bolso do colete de Jim Whitmore, e presumi que eles estavam lá para garantir que ninguém maltratasse o filhote, certo? Não. Essa mulher também estava lá para proteger os direitos da "larva" na cena, e ela insistiu que não alimentássemos o filhote com uma larva viva [...] mas, por algum motivo, um diretor de cinema que ganha mais de 100.000 de dólares por dia, saindo de casa, não tem permissão para alimentar um filhote de corvo com uma larva de cera viva."
"Podemos ter certeza de que não houve crime?" 1x31v
O diretor de À Espera de um Milagre e O Nevoeiro está ciente da necessidade de controles por parte da Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais, mas também acredita que chega um ponto em que suas exigências acabam sendo absurdas.
"Aplaudo a ASPCA porque havia muitos abusos em filmes naquela época, quando cineastas derrubavam cavalos com fios e faziam muitas coisas cruéis, e a ASPCA pôs fim a isso. No entanto, quando não se pode matar uma minhoca por causa da burocracia, acho que ficou um pouco ridículo. Tinha que ser uma minhoca morta, e tinha que ter morrido de causas naturais, segundo ela. Eu perguntei: 'Temos a autópsia para determinar a causa da morte? Podemos ter certeza de que não houve crime?'
No fim das contas, encontraram uma larva já morta no meio do lote comprado para a cena, o que resolveu o ime. "Era para ser uma anedota engraçada, mas me incomoda até hoje. Eu simplesmente não conseguia argumentar com aquela mulher", confessou o diretor.

E por mais absurda que pareça, essa história mostra como os bastidores de Hollywood misturam zelo ético com exageros. Porque sim, às vezes o maior desafio de um diretor não é guiar um elenco, filmar sob pressão ou lidar com o estúdio... é convencer alguém de que alimentar um corvo com uma larva morta não é um crime federal.