Adaptar uma obra tão monumental quanto O Senhor dos Anéis para o cinema é uma façanha que exige cortes e concessões. Peter Jackson, em sua aclamada trilogia, conseguiu preservar o espírito da narrativa de Tolkien, criando uma experiência cinematográfica emocionante e coesa.
No entanto, como em toda adaptação, algumas partes da obra original ficaram pelo caminho — e entre elas, há momentos que adicionariam ainda mais profundidade ao enredo e aos personagens.
Um desses momentos acontece durante o Conselho de Elrond, em A Sociedade do Anel. No livro, essa cena é significativamente mais longa e densa do que no filme. Cada personagem presente tem a chance de relatar suas experiências e preocupações com a ameaça crescente de Sauron.
New Line Cinema
Os Anões no Conselho de Elrond 6n499
Um dos testemunhos mais reveladores vem de Glóin, pai de Gimli, representando os Anões de Erebor. Ele conta não só sobre a tentativa de seu povo de retomar Moria com Balin, como também revela uma visita sinistra que receberam em Erebor: um mensageiro vindo diretamente de Mordor.
Segundo o relato de Glóin, esse emissário apareceu com propostas tentadoras — e ameaças veladas. Sauron, o Senhor do Escuro, queria firmar amizade com os Anões, oferecendo-lhes anéis como no ado.
Mas havia uma condição: que eles entregassem informações sobre os Hobbits e ajudassem a localizar "um ladrão" portador de "um pequeno anel". O tom diplomático rapidamente se transforma em intimidação, deixando claro que a neutralidade não seria uma opção.
Esse trecho, ausente dos filmes, é muito mais do que um detalhe: ele mostra a extensão da rede de influência de Sauron, e como nenhum povo da Terra-média ficou imune ao avanço de sua sombra.
Também sublinha a importância da escolha moral de cada raça no conflito iminente — o que levanta uma questão inquietante: e se os Anões tivessem cedido à proposta de Mordor? Ao omitir esse episódio, a trilogia perde uma oportunidade de aprofundar as implicações políticas e éticas que tornam a obra de Tolkien tão poderosa.