Entre março e agosto de 2015, foi exibida na TV Globo a novela Babilônia, escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. Com o objetivo de explorar a ambição humana – tema recorrente nas tramas de Braga – o folhetim trouxe Gloria Pires e Adriana Esteves como vilãs, enquanto Camila Pitanga interpretou a mocinha da história.
Apesar do elenco estrelado, a novela não conseguiu alcançar o sucesso esperado. Dez anos após o fim de Babilônia, que marcou a última obra de Gilberto Braga, falecido em outubro de 2021, Camila Pitanga revelou, em entrevista ao Roda Viva na última semana, os desafios enfrentados durante a produção e como esse trabalho foi complicado para ela.
Por que Babilônia foi rejeitada pelo público? 5bm6d
Logo em seu capítulo de estreia, Babilônia exibiu um beijo entre as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, que viviam o casal lésbico formado por Teresa e Estela, respectivamente. Na época, a cena irritou os políticos conservadores, que chegaram a levar a discussão ao Congresso Nacional e promover o boicote à novela. Por conta disso e de outras questões mais progressistas, a produção enfrentou uma enorme rejeição já no início.
A trama também afastou o público com suas histórias densas e pesadas, repletas de violência, vingança, maldade e tragédia, sem um contraponto com enredos mais leves, humorados ou românticos. Além disso, Babilônia enfrentou o crescimento da concorrência: Os Dez Mandamentos, da RecordTV, e a novela infantil Chiquititas, do SBT.
Camila Pitanga não foi feliz com personagem 6v2m20
“Assustou, incomodou”, declarou Camila Pitanga sobre a novela. Na trama, a atriz viveu Regina, uma típica mocinha de origem simples, mas muito batalhadora. Com bastante ambição, seu objetivo era se formar na faculdade e crescer na vida. No entanto, ao longo dos capítulos, acaba se envolvendo nas tramoias de Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves).
TV Globo
A personagem, porém, não conquistou a simpatia do público e foi considerada inável, arrogante e explosiva demais. Até Pitanga concorda que sua performance ficou aquém do esperado e que foi difícil se conectar com o roteiro.
“Não foi um bom trabalho para mim. Acho que tinha ali uma maneira de ler a Regina, a minha personagem, que eu acho que não fui muito feliz mesmo não. Tinha uma coisa muito irritada, muito mal-humorada”, explicou a atriz durante sua participação no Roda Viva.
Mesmo assim, Camila Pitanga garante que foi tentando consertar o tom de sua personagem no decorrer da exibição, assim como os demais atores. Inclusive, na mesma entrevista ao programa da TV Cultura, ela fez questão de elogiar o elenco do folhetim:
É um fracasso, deu super errado, mas que elenco maravilhoso! Que trabalho!
"Não foi uma infelicidade. É uma equipe que foi até o fim, não desistiu. Ficou ainda pensando como fazer para salvar aquele trabalho. Eu acho que a gente manteve uma dignidade ali, pois tinha uma rejeição. E é isso, gente: tem fracassos, flops o tempo inteiro, e tem sucessos. É didático fracassar”, concluiu.
Reprodução/TV Cultura
Marcos Pasquim também já criticou Babilônia 45z3x
A verdade é que Camila Pitanga não foi a primeira a tecer críticas a Babilônia. Marcos Pasquim, que interpretou Carlos Alberto na novela e, a princípio, seria um personagem gay, mas teve sua história alterada, também falou sobre o folhetim durante sua participação no Sabadou, programa da influenciadora Virginia Fonseca no SBT. Além de comentar os problemas de audiência, ele criticou o clima nos bastidores.
"A novela tinha tudo para dar certo, mas não deu porque foi mudado tudo de última hora [...] Isso deu um rebuliço na novela, não foi legal. Não só na novela, como na Globo", recordou o ator. Segundo Pasquim, já havia 80 capítulos escritos, e foi necessário reescrevê-los.
"E aí os personagens que iam ter na novela mudaram. Eu ia fazer um gay, não pude mais fazer gay. Uma ia fazer uma prostituta com um talho [no rosto], também não pôde. O outro ia fazer um vilão e também não pôde", desabafou.
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