Ao iniciar a maratona de "A Teacher", a expectativa era de um romance intenso e proibido, talvez até com um final feliz. No entanto, a construção narrativa da série leva o espectador por um caminho diferente, revelando camadas profundas de reflexão sobre maturidade emocional, poder e consequências psicológicas.
A história acompanha Claire (Kate Mara), uma professora de 30 anos que inicia um relacionamento com seu aluno, Eric (Nick Robinson), de 17 anos. Nos primeiros episódios, a trama parece seguir uma linha romântica, quase como se fosse uma paixão proibida que desafia as regras sociais. No entanto, com o ar dos episódios, a série desconstrói essa ideia e evidencia as marcas profundas deixadas nessa relação.
O ponto de virada acontece no desfecho, onde os personagens se reencontram dez anos depois. Claire construiu uma nova vida, casou-se e teve filhos, enquanto Eric luta com os traumas do ado. Ele percebe que sua juventude foi moldada por essa experiência e que tudo,
desde
a universidade até seus relacionamentos, foi influenciado por aquilo. A cena final é brutal: ele finalmente se reconhece como vítima e impõe essa realidade para Claire, que insiste em ver o ocorrido como um erro, mas "consensual".
A força da série está exatamente na forma como manipula a percepção do espectador. No início, a relação pode não parecer errada aos olhos de quem assiste, mas com o tempo, as consequências falam mais alto. Claire não é retratada como uma vilã, mas como uma mulher com fragilidades e traumas, que encontrou no afeto de um jovem uma forma de escape. No entanto, isso não a isenta da responsabilidade pelo que aconteceu.
O grande questionamento que "A Teacher" deixa é: até que ponto uma história de amor pode ser chamada de amor quando há um desequilíbrio de poder tão evidente? A resposta vem de forma dura no final: Eric nunca teve uma escolha real, apenas a ilusão de controle. E isso é algo que ele carrega pelo resto da vida.
Uma série que, ao invés de romantizar, provoca. E isso a torna reflexiva e merecedora de 3,5/5.